sábado, 31 de março de 2012

Os Jovens e a Ignorância Voluntária

          

Na noite desta última segunda-feira (26 de março de 2012), um motorista alcoolizado atropelou um gari em Maceió-AL, sendo este surpreendido com o impacto do automóvel no momento em que recolhia o lixo. A vítima teve as duas pernas fraturadas expostamente e, como consequência, foi-lhe amputada a perna esquerda e colocado fixador na direita.
Assistindo ao vídeo abaixo, você poderá depreender melhor a mensagem que passarei em seguida.

Provavelmente você deve ter ficado revoltado (a), assim como boa parte das pessoas que assistiram a esse vídeo. Porém, dificilmente parou para pensar que o motorista alcoolizado poderia ter sido você.
Tem se tornado comum notarmos a presença de jovens em bares e boates, no mais das vezes, utilizando (erroneamente) a bebida como algo positivo, o elo que os une aos seus amigos. Convicção equivocada, tendo em vista que o que une (realmente) as pessoas são o afeto, o companheirismo e o diálogo. É certo que a bebida deixa a pessoa desinibida, para alguns chega a atribuir um “falso status” perante os demais, tanto é que para essas pessoas, perder a consciência e não se lembrar de nada no dia seguinte significa que a diversão foi boa (não veem que estão se igualando ao motorista aí do vídeo, onde o que os diferencia são apenas as circunstâncias). Não veem também que a desinibição que os acomete é falsa, irreal, pois quando passa o efeito do álcool o embaraço volta, e em determinados casos, ainda pior.
É importante salientar que quando falo no álcool me refiro também às outras drogas e, em alguns casos, ao fumo.
Escolhi o tema “ignorância voluntária” para melhor representar o que temos visto em nosso dia a dia; pessoas que sabem dos danos decorrentes do consumo de álcool, drogas e do cigarro e mesmo assim os consomem. Pensem: por que eu vou colocar álcool no meu organismo sabendo que não irei adquirir benefício algum? Por que irei colocar um cigarro na minha boca e entupir meu pulmão de fumaça se não há vantagem alguma nisso? Ocorre justamente o contrário, ponho a minha vida em risco e a vida de outras pessoas que nada têm a ver com as minhas asneiras, sem contar a dor de cabeça que darei para minha família se entrar em estado de dependência química.
Outra questão relevante a ser exposta é a certeza que as pessoas têm de que conhecem os limites do próprio organismo, algo questionável, tendo em vista que raramente alguém admite que esteja bêbado, que ultrapassou seus limites. A droga alcança diretamente o cérebro, então não há como você ser mais forte que os efeitos dela. A melhor forma de controlá-la é evitando-a, já que quanto mais álcool você ingerir, mais distante ficará do autocontrole.
Quando se bebe com frequência, corre-se o risco de se tornar dependente, ou seja, SUBMISSO ao álcool. Estando nesse estágio, quando para ou reduz drasticamente o consumo, em cerca de 24 horas a 72 horas depois o seu cérebro começa a sentir as consequências da falta de álcool (pois ele se acostuma com a alteração química que a droga causa), e como resultado, você terá náuseas, convulsões, alucinações, delírios, desorientações, etc. Portanto, depois de ultrapassar o limite, até para voltar atrás será complicado, dificilmente conseguirá parar de beber sem ter recaídas, e quanto mais recaídas tiver, mais fracassado se sentirá.
Algumas pesquisas apontam que o consumo moderado de álcool traz benefício à saúde. Mais especificamente, o consumo diário de 25g de álcool pelo homem e 12,5g pela mulher (equivalente a duas e uma latinhas de cerveja respectivamente) pode reduzir em 20% o risco de ataque cardíaco, mas além deste, ainda não foram descobertos outros benefícios. Entretanto, saliento que essa quantidade indicada é relativa, pois muitas circunstâncias influenciam em sua alteração, até mesmo o próprio organismo. Portanto, consumir álcool com essa intenção, é um risco, já que você pode ultrapassar o limite sem perceber e depois de anos se tornar dependente.
O benefício exposto no parágrafo anterior contrapõe com as mais de 200 doenças associadas ao álcool, sem contar os danos aos órgãos, perda de memória, etc. O álcool também agrava o risco de a mulher desenvolver câncer de mama: quando consumida uma dose diária, aumenta em 5%, e se for maior o numero de doses, pode aumentar em até a metade. Piora a situação se a mulher já tiver casos de câncer de mama na família (pesquisa divulgada no dia 22 de março deste ano no periódico Alcohol and Alcoholism).
Cabe lembrar também que aqueles que estão sob muito estresse e com problemas psicológicos (ex.: auto-estima baixa e depressão) estão mais propícios a se tornarem dependentes. Ou seja, se você já tem o costume de beber, fica mais vulnerável às armadilhas das drogas quando nas situações expostas no início do parágrafo.
Portanto, na próxima vez que sair com os amigos, reflita, ainda em casa, o que você beberá naquele encontro, se pretende continuar fingindo ser ignorante e não conhecer os riscos que o álcool poderá causar a sua vida e à dos demais (lembre-se do vídeo acima), ou se vai ser corajoso e enfrentar os estereótipos da sociedade e pedir um refrigerante ou uma água e curtir a noite muito mais consciente e seguro. REFLITA.






Referência:
VARELLA, Drauzio. Benefícios do álcool. Disponível em: http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/alcoolismo/beneficios-do-alcool. Acesso em: 30 mar. 2012.

Quer citar o texto?
JESUS, Marcos Fernando Rocha de. Os Jovens e a Ignorância Voluntária. Disponível em: <http://www.artigojus.com.br/2012/03/efeitos-bebida-alcool-drogas-jovens.html>. Acesso em: DATA DO ACESSO.

DATA DE PUBLICAÇÃO DO ARTIGO: 31/03/2012.

6 comentários:

  1. Concordo plenamente com os argumentos expostos no artigo, referente a ignorância presente em muitos indivíduos na sociedade. Precisamos ter consciência das consequencias errôneas dos atos.

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  2. Muito bem colocado este artigo, por se tratar de um tema bastante relevante em nossa sociedade. Parabéns!

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  3. Agradecemos pelos comentários! De agora em diante nosso blog irá postar, também, artigos referentes a críticas sociais! Iremos tentar relacionar ao máximo sociedade e Direito. Como sabemos, um não vive sem o outro. Tendo em vista essa importância, fiquem atentos com as novidades!!

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  4. Muito boa análise, meu caro. Alguns, quase a maioria, pensam que o álcool os faz menos ridículos e mais seguros diante das outras pessoas. Consumir álcool significa ter um pseudo-poder perante os outros. Querem esconder uma ignorância sóbria, mas se esquecem de que a ignorância pode ser potencializada pela bebida. É questão de bom senso: pensar quais são os males que eventual vício ou conduta pode prejudicar a própria vida e a existência daqueles os quais amam. E se não se lembram de que qualquer um pode ser vítima de um absurdo desse demonstrado no vídeo. Parabéns pelo blog! Vocês vão longe.

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    1. Obrigado pelo comentário João Ferro, acreditamos que se um pouco mais de pessoas tivessem consciência disso, não presenciaríamos tantos desastres como presenciamos em nosso dia a dia. É perfeitamente possível curtir uma festa ou um encontro sem haver necessariamente o consumo de álcool.

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  5. Excelente a abordagem do tema, trazendo o leitor para o texto de uma forma bem real, se todos conseguissem se pôr no lugar seria ótimo pra sociedade que está cheia desses casos que já se tornaram até corriqueiros

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