quarta-feira, 22 de junho de 2011

Immanuel Kant - Uma breve introdução sobre a "Crítica da Razão Pura"

         
           Immanuel Kant
Immanuel Kant elaborou uma obra muito conhecida atualmente, principalmente no meio acadêmico: a “Crítica da Razão Pura”. Nesta obra, ele desenvolve um pensamento que tenta explicar a fundamentação de que se vale a Metafísica para conceituar aquilo que não é perceptível pelo mundo dos sentidos, ou seja, as questões relativas a crenças, fé, Deus, imortalidade, origem do mundo, etc.
Na introdução de seu livro, Kant destaca os conceitos que são necessários conhecer para o entendimento do restante de seu pensamento. Ele trata das fontes do conhecimento, de onde ele provém, o que fundamenta os pensamentos produzidos.
Para ele o conhecimento geralmente é empírico, isto é, vem do que é constatado em experiência. Porém, esse não é o único método existente para se conhecer algo. Existem os conhecimentos obtidos através das impressões que temos sobre determinada matéria. Impressões essas que são na maioria advindas do que os nossos sentidos constatam. São ideias iniciais, sem que haja o aprofundamento do tema, mas tão-somente uma visão geral sobre ele.
Além dessas formas de produção de conhecimento, Kant diz que há uma primordial, que está presente no homem desde sua origem. É o chamado conhecimento “a priori”, que corresponde ao pensamento obtido sem o uso de experiências e impressões dos sentidos, mas apenas da razão humana. Este conhecimento tem que ser independente de experiência na sua formulação, não podendo haver um princípio do qual se utilize que seja empírico, ou seja, todo juízo “a priori” deverá partir de conceitos também “a priori”, pois se houver um momento em que se utilizou uma experiência, então todo o conhecimento produzido será empírico.
Kant classifica o conhecimento “a priori” em dois tipos: o puro e o impuro. O primeiro é aquele que está totalmente desligado de qualquer experimento, que não necessita recorrer ao método empírico em nenhum momento. Já o segundo, é aquele que foi formulado sem interferência da experiência, mas necessita desta para sua comprovação, para atestar se o que está sendo dito é válido e coerente. Portanto, não se pode considerar um pensamento totalmente “a priori” se ele precisar de aprovação experimental para ser considerado correto.
Esses dois tipos de conhecimento, empírico e “a priori”, possuem um caráter universal, mas não do mesmo modo. O primeiro traz em si a ideia de que se aplica à maioria dos casos, mas isso não pode ser levado em consideração sem o devido cuidado. Por se tratar de um conhecimento empírico, o que se afirma quando do término do experimento é baseado em uma contingência, ou seja, há diversos fatores atuando no momento da experiência que podem ser variáveis, alterando-se o resultado de um outro teste. O segundo possui uma universalidade absoluta, pois diz algo de tal forma que se aplica a todos os casos, não havendo contradições à regra. Ele se baseia, como já foi dito anteriormente, na razão humana, e isso já basta para que ele seja considerado geral, que não terá alterações ou interferências de outros fatores.
Há uma importância maior do juízo “a priori” do que o juízo empírico, pois o segundo depende do primeiro. Na formulação de um conceito, obtido por meio de experimento, recorre-se a princípios e regras que ou partiram de outro juízo empírico, ou de um juízo “a priori”. O que importa notar aqui é que o empirismo necessita, em algum momento, dos pensamentos produzidos pela razão para que seus resultados demonstrem certeza no que será constatado. O critério a ser utilizado no estudo de um experimento partiu do que foi elaborado “a priori”. Não se pode um conhecimento estar fundado somente em experiências.
Outro ponto que reforça a importância mencionada acima é que o juízo “a priori” pode ser visto até mesmo quando se afastam as propriedades de um experimento, o que o caracteriza como um. Quando não se tem mais a experiência, percebe-se mais facilmente a ideia da existência do que estava sendo proposto e do que iria ser testado. Essa ideia partiu da razão. Pode-se ver que o conhecimento “a priori” está presente nos demais.
Kant ainda menciona a participação da Metafísica, que é uma ciência sem um objeto definido, pois este simplesmente não existe no mundo material. Como escapa à percepção dos sentidos humanos, não pode ser aplicada numa experiência, e do mesmo modo que não pode ser comprovada, também não pode ser refutada empiricamente. O problema que acompanha essa ciência é a falta de um apontamento de seus fundamentos. Não se sabe em que se baseiam as ideias da Metafísica, e isso se lança como um desafio a ser descoberto pelo profissional da área.
Duas importantes definições são dadas por Immanuel Kant, uma sobre juízo analítico e outra sobre juízo sintético. O primeiro tipo é aquele que se obtém através da decomposição de um conceito existente. È algo que se pode perceber desvendando o princípio que se tem como base. Já o segundo é aquele que vem do exterior (geralmente uma experiência), que não pode ser notado no conceito, mas a este se relaciona.
O juízo sintético, portanto, pode ser mais facilmente observado no conhecimento empírico. Já o analítico, corresponde ao conhecimento “a priori”, pois foi detectado num conceito já existente, a partir do uso da razão humana.
A Metafísica recorre geralmente ao conhecimento “a priori”, para assim conseguir estabelecer e formular os conceitos relativos ao seu estudo. Os princípios e ideias já existentes são decompostos, tendo-se ao final novos pensamentos que sempre podem ser percebidos nos primeiros. Porém, também são utilizados juízos sintéticos, onde a Metafísica descobre conceitos relacionados aos já conhecidos sem que haja a utilização de experiências, havendo assim a extensão do conhecimento, que não está mais preso às ideias primeiras. Por não estar presente o método empirista, o juízo é “a priori”.
O que Kant irá demonstrar em seu livro é o conjunto de fatores e dúvidas que rodeiam a seguinte questão: em que se fundamenta a Metafísica para elaborar juízos sintéticos sem a utilização de experiências? A resposta seria a razão pura, entendida por Kant como o caminho através do qual são descobertos os novos preceitos. Ela seria a fundamentação para o conhecimento “a priori”.
A crítica da razão pura, desenvolvida pelo autor, é o método que a Metafísica utiliza para retificar o que foi produzido por ela. Não pode haver falhas no conhecimento “a priori”, pois se trata de algo sem comprovação e de difícil entendimento, já que não está presente no mundo sensível. Qualquer erro pode comprometer tudo o que já foi pensado. Para evitar isso, questiona-se o embasamento que reforçou a declaração de um preceito, e durante tal processo, são aditadas a ele novas ideias, frutos da dúvida. Essas ideias são os juízos sintéticos, que partiram do que foi fornecido pela razão pura.








Referência:
GRUPO DE DISCUSSÃO ACRÓPOLIS. Immanuel Kant – Crítica da Razão Pura. Disponível em: <http://br.groups.yahoo.com/group/acropolis/> Acesso em: 04 jun. 2011.

Quer citar o texto?
JESUS, Paulo Roberto Rocha de. Immanuel Kant, Uma breve introdução sobre a "Crítica da Razão Pura". Disponível em: <http://www.artigojus.com.br/2011/06/immanuel-kant-elaborou-uma-obra-muito.html>. Acesso em: DATA DO ACESSO.

DATA DE PUBLICAÇÃO DO ARTIGO: 22 jun. 2011.

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